quarta-feira, 27 de abril de 2016

Graça ou boas obras?

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado


Imagem de guia.heu.nom.br
Conhecendo as Escrituras, mais propriamente a carta de Paulo aos Romanos, percebemos que a humanidade se separou de Deus, como já descrito no livro de Gênesis, carecendo assim de uma justificação diante do próprio Deus, ou seja, voltar a ser unido a ele, o que exigiu todo um plano de salvação da humanidade, passando pela obediência a um código, a Lei de Moisés, o qual apontava e culmina no sacrifício de Jesus Cristo.

Tenho estudado aspectos da Lei, no Pentateuco, que é a Torá, como da Graça, no Novo Testamento, especificamente as cartas de Paulo e, percebi que o legalismo judaico aponta para graça cristã. Embora tenha sido uma tarefa complexa de levar tal entendimento aos judeus no início da era cristã e, não apenas isso, mas a não se permitir que o próprio Cristianismo se tornasse legalista, tendo em vista o sacrifício de Cristo ser suficiente para a justificação da humanidade, de tal forma, que crer na necessidade de se fazer algo a mais para ser salvo é negar o próprio Cristo e seu sacrifício.

No entanto, aquele que é justificado apresenta sinais de justificado, ou seja, passa a ter uma vida pelo Espírito e não mais se sujeitando às paixões da carne. Não se deixa de ter carne ou de se viver no mundo e no contexto que ele representa, mas um novo comportamento de não mais pertencimento a esse mundo, mas sim, a um reino celestial. É natural que uma pessoa que pela Graça de Cristo recebe a Salvação faça boas obras, não para ser justificado, mas porque já é justificado.


Referência

BÍBLIA, Português. Bíblia sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O livre arbítrio

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado



Imagem de juntosabordo.com.br
Livre Arbítrio sempre foi um tema bem discutido na teologia, pois para nós humanos, presos no conceito do tempo e do espaço, como daquilo que podemos perceber ou imaginar, compreender a onisciência de Deus, sendo que não devemos confundir esse aspecto de Deus com a interferência nas decisões humanas.

O fato de Deus ter a onisciência, ou seja, o conhecimento da decisão humana antes de ser concebida, não significa que ele a tome pela humanidade. Nós humanos temos o livre arbítrio de decidir nossos caminhos, mesmo que haja um ser como Deus que tenha o poder de sabê-los antes nós.

A profundidade do tema eu reflito numa simples ideia: Imaginemos em Mato Grosso do Sul, uma pessoa que reside em Dourados e tem a sua vida sem perspectivas, quando outra pessoa se aproxima e o convida para uma vida de paz em Bonito, distante alguns quilômetros dali. Então lhe compra uma passagem e prontamente a pessoa angustiada entra no ônibus, porém, no caminho desce em Maracaju, que fica no caminho. O ônibus vai para Bonito, mas ele decidiu descer em Maracaju. Assim, uma pessoa que recebe o convite para ter uma nova e eterna vida com Deus, tem a sua Salvação comprada por Jesus Cristo e irá para eternidade com Deus, mas pode decidir descer no caminho.


Referência

BÍBLIA , N. T. Português. Bíblia sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Os verdadeiros cristãos entendem o espírito budista

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado


Tenzin Gyatso (Dalai Lama) 1
O ensino religioso é preparar a Humanidade para tudo aquilo que não aprenderá através da ciência, tendo em vista a própria ciência ser limitada pela ciência e, por sua vez, não ter todas as respostas. A religião, por sua vez, não possui também todas as respostas, mas enriquece o ser humano nos caminhos do amor, da fraternidade, da tolerância.

A sociedade humana pode desenvolver tudo o quanto quiser, modificando o ambiente à sua volta, pois é essa a forma de sua existência, mas a modificação necessária para que a sua existência faça sentido é a reflexão de sua humanidade, proporcionando a evolução não apenas do exterior, mas do interior da espécie.

O pensamento religioso é muito mais amplo do que doutrinas específicas, como podemos notar no pensamento de Tenzin Gyatso (Dalai Lama), líder espiritual do budismo tibetano:  

“Os verdadeiros cristãos entendem o espírito budista. As principais tradições religiosas, embora sejam diferentes nas interpretações teológicas, têm em comum a prática do amor, da compaixão, da tolerância, do perdão. É muito importante recordar sua tradição milenar ao mundo de hoje. Muitas vezes, as pessoas consideram a religião algo antigo, superada pelos séculos. Talvez seja como uma roupa velha para certas tradições, mas a essência do ensino religioso é o amor, a compaixão, os valores humanos, que também são importantes para os não crentes”. (Tenzin Gyatso - Dalai Lama)2


Referências

1Tenzin Gyatso (Dalai Lama) - Imagem extraída de http://rogerronconi-conversaobjetiva.blogspot.com.br/

2DAMASCENO, Valder. Os verdadeiros cristãos entendem o espírito budista. Disponível em: [http://noticias.gospelmais.com.br/entrevista-dalai-lama-verdadeiros-cristaos-entendem-espirito-budista-33232.html]. 2012. Acesso 13 Abr 2016.

sábado, 9 de abril de 2016

Projeto de Amor a partir do Antigo Testamento

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado



Imagem extraída de tonogospel.com
A Torá, também conhecida como Pentateuco, corresponde aos cinco primeiros livros da Bíblia, no Antigo Testamento e é um grande projeto de amor ao ser humano. Essencialmente em toda a Bíblia vemos uma mensagem central de existência humana, pautada na justiça, reafirmada pelos profetas e personificada em Jesus Cristo. No entanto, uma maneira simples de transmitir essa mensagem é um resgate de sua verdadeira essência, que nada mais é do que o amor, levando em consideração que quem ama, ajuda e nada pede em troca, quem ama, não diminui a dignidade humana, nem age com injustiça, o que em termos práticos significa viver sob um código acima de todos os códigos, que é o amor.

Os códigos antigos bíblicos sempre tiveram a intenção de preservar a vida humana, sobretudo a dos mais fracos. Tais códigos limitaram a ação punitiva a ser proporcional ao mal causado, como leis que colocaram o valor da vida acima da patrimonial, além de medidas ao combate do empobrecimento e melhor utilização dos recursos econômicos, inclusive através de um sistema de perdão de dívidas e o trato para com os trabalhadores. Esse acolhimento e valorização à vida humana estavam implícitos nos códigos legais bíblicos, representando o padrão de amor de Deus para com a Humanidade, como a expectativa de que esse amor seja também da Humanidade para com ela mesma, terminando por ser esse amor dela para o próprio Deus.

Esta leitura da Torá não é comum na maior parte das instituições cristãs na atualidade. Pelo que tenho experimentado, normalmente a Torá é aproveitada extraindo fragmentos para se afirmar alguma tese, nem sempre associada ao contexto. Normalmente, aproveita-se alguns versículos para se ter um sermão que demonstra mais uma ideia histórica, tentando buscar um paralelo com o cotidiano atual. Em alguns casos, a Torá, que está no que conhecemos por Antigo Testamento, é tida como antiga e ultrapassada, mas convenientemente, em algumas comunidades, extrai-se alguns aspectos legais, em detrimento do verdadeiro espírito da lei. Daí a importância de se estudar Teologia, um tema carente em muitas instituições cristãs na atualidade, para se ter a compreensão da mensagem bíblica e a percepção que a lei, descrito nos códigos legais bíblicos, na Torá, reafirmado pelos profetas, personificado em Jesus Cristo, possui seu espírito no amor.


Referências:

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

MATOS, Givaldo Mauro de. TEOLOGIA E DIREITOS HUMANOS. Dourados: UNIGRAN, 2015.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Quando se coloca a culpa no sobrenatural

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado



Imagem extraída de luzesdosmundos.blogspot.com.br
As escolhas definem o destino e pode-se escolher fazer algo que transforme o mundo, ou atribuir o bem e o mal à divindade. Fala-se de fome entre nós humanos e não é pouca, principalmente entre as crianças. Fala-se de que se envergonhem os que creem em Deus, cobrando desse Deus as soluções, especialmente ao sofrimento dos mais pobres.

A vergonha está na vida de mentiras dos que vivem confortavelmente, quando não autores, são cúmplices da miséria e do assassinato dos mais pobres. Ainda que não se invoque o nome de Deus, pois muitos que o invocam não compartilham sua verdade, a verdade está na justiça, a mesma justiça que os que vivem confortavelmente ignoram. Os homens inventam seus deuses para os culparem de suas maldades e justificar suas preguiças. Se empanturram em banquetes e praticam a injustiça, se iludindo nas ideologias compradas.

Deus é o sol da justiça. O ser humano em sua maldade comete todo tipo de injustiça. Na Antiguidade, a Humanidade tem um código, pelo qual o seguindo haverá justiça. Porém, com a maldade humana, especialmente dentre os grupos de poder, o ser humano se aproxima da injustiça e oprime a si mesmo. Pessoas se levantaram contra as injustiças, mas foram perseguidas. Citando o nome de Deus ou não, mas sendo justo, tem-se o próprio espírito da justiça, portanto de Deus. Mas há aqueles que preferem a injustiça e são ignorantes para compreender Deus, ou seja, são ignorantes da justiça. Dizem mentiras, buscam prejudicar o próximo, como possuem o ódio no coração. São esses os que não possuem Deus, ou seja, a justiça em si. São esses, ignorantes.

O engano está em acreditar que Deus deixa morrer de fome milhões de crianças, pois isto é o próprio ser humano que faz contra si mesmo. Há aqueles que creem em Deus como o provedor da justiça e a compartilham com ele. Há aqueles que acreditam na justiça e a buscam. Tanto um grupo como o outro possuem esse espírito que nada mais é que amor. No entanto, há aqueles que são iludidos pelas maldades do mundo e se dizem de Deus, mas não são justos, como os que não creem nele e, também não praticam a justiça. São esses os que se dizem honestos, mas expressam ódio, mentiras, agressividades e ofensas. Não possuem nenhum argumento para suas falsidades, mas falam de justiça e não são justos. São estes os que não possuem Deus no coração, pois não possuem amor e, são incapazes de amar, de respeitar ao próximo e agir com justiça. Justificam a violência humana como inoperância do sobrenatural, para camuflar a ganância dos que se dizem justos e honestos.

O engano está em culpar Deus do que o ser humano faz. O ser humano oprime a si mesmo. Palavras de ódio e agressividade demonstram o caráter desonesto e injusto, pois é disso que o coração está cheio. Diferentemente de quem busca a justiça, por sua vez, quem é de Deus, ou mesmo é justo sem Deus, pois com o coração cheio de amor, expressa-se com amor. As guerras que a Humanidade faz contra si mesma nunca foram em nome de alguma divindade. Sempre foram para sustentar a ganância e garantir o sistema de opressão dos grupos de poder em detrimento do mais pobre.