terça-feira, 22 de novembro de 2016

A esperança vem dos pobres

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado



Imagem de wildesbrito.blogspot.com.br
A busca espiritual é da natureza humana e, cada um em seus ofícios não é especialista pelo conhecimento espiritual. Normalmente entre o conhecimento dos antigos, encontramos as suas mensagens para nós, o que é por si só, incrível. Tendo em vista que esses antigos viveram e morreram há milhares de anos, deixando inscrições para aqueles que ainda nasceriam num futuro distante de suas realidades.

Nisso, temos informações não apenas religiosas, mas do cotidiano e de suas tentativas em formular uma sociedade com base na justiça e na fraternidade, bem como os que se enveredavam pelo caminho dos interesses de poucos, com suas teses de que somente alguns teriam o direito divino ou benemérito de ter privilégios, nos quais enfrentavam os interesses populares, redefinindo os conceitos da justiça.

A carência nos dias atuais é quem traduza, não apenas o texto, mas a mensagem que os antigos nos deixaram, a fim de não cairmos na propaganda daqueles que sempre se opuseram à justiça social. Tal influência é relevante, tendo em vista as terras americanas receberem toda uma bagagem política, social, econômica, cultural, e religiosa da Europa, compilada e formatada do início da Idade Moderna, os finais do século XV da Era Comum.

Assim, a Igreja Cristã, detentora do conhecimento antigo a respeito da justiça, inclina-se em suas crises ritualísticas e ideologias religiosas, com seus devidos cenários espirituais, deixando em segundo plano a essência do que os antigos, nossos ancestrais, deixaram para nós. E isso, somado aos contextos político-econômicos europeus, que mais tarde se polariza numa versão mais despojada na consolidação do país Estados Unidos, fazendo com que as nações do sul recebam suas crenças, convicções, modelos socioeconômicos e tudo mais, nos mais belos formatos, temperados com tradições religiosas e interpretações que defendem as primeiras teses.

A resposta espiritual às questões atuais não responde aos anseios das pessoas, que esperam dos que se propuseram a estudar as mensagens de nossos ancestrais e, que esses estudiosos, que se autodenominam líderes, fossem os portadores da antiga essência da justiça e, verdadeiramente fossem líderes na luta pela sociedade idealizada pelos antigos, nossos ancestrais, os quais viveram e até morreram para que um dia, os humanos do futuro, nós, contemplássemos essa sociedade fundamentada na justiça, ou morrêssemos lutando por ela.

Porém, não desanimemos, pois Jesus, a personificação da própria justiça, não veio entre os oficiais, ocupando posições de poder, seja político ou religioso, econômico ou militar, mas sim, do interior de seu país, em meio dos pobres. Pela história, aqueles que se diziam seus seguidores, fizeram guerras, condenaram pessoas, causaram mal. Enquanto os que são verdadeiramente seguidores de Jesus, são os que defendem a sua essência, que é a justiça, a paz, o amor, a assistência social, o direito ao trabalho e ganhos dignos por ele, como também o direito à terra e sua redistribuição.


Referência

BÍBLIA, Português. Bíblia sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.