sábado, 11 de julho de 2015

Faça seus produtos de limpeza biodegradáveis

No intuito de assumir a responsabilidade na utilização de recursos da Terra, como seu esgotamento, além de garantir a saúde humana e uma releitura do sistema de consumo, na qual tem se manifestado uma lógica de enriquecimento de poucos e, pobreza e opressão de muitos, nossa família desenvolveu algumas receitas para produtos de limpeza BIODEGRADÁVEIS, MAIS BARATOS e MAIS SAUDÁVEIS:

SABÃO LÍQUIDO PARA ROUPAS
(economia de 80% em relação aos produtos industrializados)

O que irá precisar:
  • 2 sabões de coco em barra;
  • 3 litros de água;
  • Bicarbonato de sódio;
  • 1 ralador;
  • 1 panela grande;
  • 3 colheres de sopa;
  • Essência.

Modo de preparo:
  • Rale ou pique de 2 sabões de coco;
  • Esquente 1 litro de água na panela;
  • Dissolva as raspas do sabão de coco na panela;
  • Adicione 3 colheres de sopa de bicarbonato de sódio;
  • Deixe descansar por 1 hora;
  • Coe a solução (para tirar pedaços do sabão não dissolvido);
  • Acrescente 1 litro de água morna;
  • Adicione 3 colheres de sopa de glicerina;
  • Adicione 1 colher de sopa de essência;
  • Acrescente 1 litro de água fria.

AMACIANTE DE ROUPAS
(economia de 90% em relação aos produtos industrializados)

O que irá precisar:
  • 5 litros de água;
  • 4 colheres de glicerina;
  • 1 sabonete ralado;
  • 2 colheres de sopa de leite de rosas.

Modo de preparo:
  • Ferva 1 litro de água com o sabonete ralado até se dissolver;
  • Acrescente mais 4 litros de água fria;
  • Adicione 4 colheres de glicerina;
  • Adicione 2 colheres de leite de rosas.

DETERGENTE PARA LOUÇA
(economia de 70% em relação aos produtos industrializados)

O que irá precisar:
  • 1 sabão de coco neutro;
  • 2 limões;
  • 4 colheres de sopa de amoníaco;
  • 1 colher de sopa de essência.

Modo de preparo:
  • Rale ou pique 1 sabão de coco;
  • Esquente 1 litro de água na panela;
  • Dissolva as raspas do sabão de coco na panela;
  • Esprema os 2 limões e acrescente seu suco;
  • Adicione 4 colheres de sopa de amoníaco;
  • Adicione 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio;
  • Adicione 1 colher de sopa de essência;
  • Acrescente mais 3 litros de água fria.

DESIFENTANTE
(economia de 60% em relação aos produtos industrializados)

O que irá precisar:
  • 2 xícaras de chá de vinagre branco de álcool;
  • 2 litros de água;
  • 1 colher de bicarbonato de sódio;
  • 3 colheres de sopa de essência.

Modo de preparo:
  • Misture tudo calmamente num recipiente.

DETERGENTE MULTIUSO
(economia de 70% em relação aos produtos industrializados)

O que irá precisar:
  • 1 litro de água morna;
  • 2 xícaras de chá de vinagre;
  • 1 colher de sopa de amoníaco (amônia líquida);
  • 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio;
  • 1 colher de sopa de ácido bórico;
  • 1 colher de sopa de essência.

Modo de preparo:
  • Prepare 1 litro de água morna (aproximadamente de 45º c);
  • Adicione 2 xícaras de chá de vinagre;
  • Adicione 1 colher de sopa de amoníaco (amônia líquida);
  • Adicione 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio;
  • Adicione 1 colher de sopa de ácido bórico;
  • Adicione 1 colher de sopa de essência.

AROMATIZADOR DE AMBIENTE
(economia de 90% em relação aos produtos industrializados)

O que irá precisar:
  • 20 ml de álcool de cereais;
  • 350 ml de água filtrada;
  • 10 ml de essência;
  • Embalagem de vidro;
  • Embalagem plástica com borrifador.

Modo de preparo:
  • Misture tudo;
  • Coloque numa embalagem de vidro por 10 dias enrolada num jornal;
  • Transfira para a Embalagem plástica com borrifador.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O "culto vazio" x espiritualidade autêntica

Sempre se faz necessário lembrar o que realmente agrada a Deus, pois a fé se inicia, muitas vezes genuinamente, mas com o tempo vai se institucionalizando e formando um sistema tradicional, atrelado também à cultura e história do povo que a pratica, a tal ponto de termos uma religião rígida, na qual não corresponde a verdadeira espiritualidade.

Zacarias, como os demais profetas, ensinavam que a verdadeira espiritualidade é praticar a justiça social, alertando que não agrada a Deus o “culto vazio”, ou seja, apenas seguir os ritos de forma tradicional e práticas tidas como espirituais, a exemplo do jejum e, continuar a ferir o próximo, seja pela opressão direta, seja pela inação.

Assim, o profeta Zacarias atentou para o fato que o culto, as ofertas, sacrifícios, rituais tradicionais, como o próprio jejum, não são suficientes, pois fica implícito que todas essas coisas são artificiais, que o ser humano pode fazer por fazer. Porém a prática da religião se torna uma espiritualidade autêntica quando se toma atitudes em favor da promoção da justiça social.


REFERÊNCIAS

BÍBLIA, A. T. Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

MATOS, Givaldo Mauro. ESTUDOS NO AT: Os Profetas. Dourados: UNIGRAN, 2014. 102p.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Meio ambiente e justiça social na ótica do Papa Francisco

Nada mais natural na atualidade do que a discussão a respeito do meio ambiente e, é claro, a continuidade do discurso "justiça social", tema que repercute desde a Antiguidade, em tempos na qual a sociedade israelita se transfere de uma vida semi-nômade a de assentado, tendo assim a necessidade de toda uma formação legal para garantir os direitos das famílias, como suas dignidades.

Vale citar a respeito do Santo Padre, Francisco, o Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, cujo nome de nascença é Mario Jorge Bergoglio, mas adotando o nome Francisco, que significa "livre", em homenagem a Francisco de Assis, por sua vez também tinha outro nome de nascença, Giovanni di Pietro di Bernardoni.

Francisco, o dos dias atuais, fez uma Carta Encíclica, a Laudati Si', cuja tradução do latim "Louvado Seja", remete à interpretação do ser humano estar conectado à Natureza, tendo em vista ter sido feito a partir dela, como menciona o autor, referindo-se ao livro bíblico de Gênesis.

A carta aponta sobre a responsabilidade dessa geração em colocar na pauta política e econômica o compromisso de defesa ambiental, assim como a justiça social, tendo em vista que muitos recursos e, de forma exagerada, como aponta Francisco, são utilizados de forma indiscriminada por uma pequena parcela da humanidade, a ponto de deixar grande parte dessa humanidade sem os recursos necessários à sua sobrevivência.

Francisco aponta que muitos dos danos ambientais se deram pela excessiva industrialização e grande utilização dos recursos do planeta, por parte dos países ricos, por sua vez, são ricos através desses danos, em detrimento de nações mais pobres e, para se acertar as questões ambientais, a proposta dessas nações mais ricas e grandes responsáveis pelos danos é repartir a conta com toda a humanidade, pesando mais, obviamente aos mais pobres.

Esse discurso, pautado na razão, estabelecendo a importância da família humana é comentado em algumas nações, como nos Estados Unidos, por ultraconservadores neoliberais, de forma negativa, acreditando ser um discurso comunista ao estilo "cortina de ferro", mas a Laudati Si' é mais profunda e direta, simplesmente apontando a necessidade de mudança na relação humana dentro da humanidade, como com o meio em que vive.

Em geral, há uma abordagem de diminuição do consumo, tendo em vista todos terem responsabilidade, uma vez que o consumidor controla o processo industrial, por sua vez, a utilização dos recursos naturais.


Referência:

Francisco. LAUDATO SI'. Libreria Editrice Vaticana. Vaticano: Santa Sé, 2015, 88p. Disponível em:[http://w2.vatican.va/…/papa-francesco_20150524_enciclica-la…]. Acesso em: 28 Jun 2015).

domingo, 5 de julho de 2015

A possibilidade de restauração num sistema de opressão

Os profetas descritos no Antigo Testamento da Bíblia sempre denunciaram a opressão que atingia o povo, dentro de sua própria sociedade, como a ruína e submissão às nações estrangeiras. Encontramos, por exemplo no livro de Jonas uma mensagem central, que em resumo: misericórdia, perdão, arrependimento e restauração. O livro dá uma atenção aos opressores, ou seja, os promotores da injustiça, de forma a compreendermos o poder e a sabedoria de Deus, sabendo-se que ele não é um Deus que deseja o mal ou que o promove, mas que esse mal é consequência das próprias ações humanas, tendo em vista os acontecimentos da destruição de Israel e Judá, os exílios e os cativeiros, assim toda nação que seguir o mesmo caminho de prosperar através da injustiça, com as práticas da opressão aos mais fracos e tudo mais, terá destino semelhante.

Vemos que a aplicação nos dias de hoje é que a mensagem de esperança e o perdão de Deus se estendem para todo o ser humano, mesmo que seja ao opressor. Como humanos, deixamos sentimentos de ódio e mágoas tomarem conta de nossos corações, porém, se verdadeiramente estivermos comprometidos com Deus, teremos a verdadeira espiritualidade e, ainda que num primeiro momento não entendamos, podemos deixar que o Espirito de Deus aja e nos faça frutificar, que nada mais é que colocar em prática o projeto de Deus à humanidade, que é amar a Deus e o próximo como a si mesmo.

Também é importante levar em conta, que muitas pessoas participam de uma situação em que estão inseridas do lado opressor sem se darem conta, o que nos remete a compreender que o sistema, ou seja, o mal é o verdadeiro inimigo da humanidade, sendo que a consequência de insistir com a prática de injustiças e, por sua vez se distanciar dos planos divinos, não adiantando ter uma vida aparente de devoção a esse Deus, será a ruína, porém, se deixar de praticar o mal, a injustiça e, convertendo-se assim desse caminho de opressão e tristeza, terá o perdão do próprio Deus e haverá a felicidade.


REFERÊNCIAS

BÍBLIA, A. T. Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

MATOS, Givaldo Mauro. ESTUDOS NO AT: Os Profetas. Dourados: UNIGRAN, 2014. 102p.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A verdade sobre Sodoma e Gomorra

Sodoma e Gomorra foram duas cidades destruídas conforme a narrativa bíblica em Gênesis 18, cuja destruição foi tema de discussão entre profetas, como Isaías, Ezequiel e Jeremias. Seus pensamentos não são compatíveis com o entendimento popular nos dias atuais.

Os profetas apontam as causas da ruína de Sodoma e Gomorra relacionadas à injustiça social e traçam um paralelo com as práticas em Israel e Judá, embora eventos separados por séculos e, mesmo que não havia ainda sido estabelecida a Aliança do Sinai, havia já uma aliança com Abraão e, tais cidades existiram próximas de onde ele vivia, com sua vida nômade ou seminômade, por ser um pastor. Abraão foi escolhido por Deus para ser o interlocutor do projeto de Deus na Terra, buscando ensinar aqueles que estavam sob a sua proteção.

Havia um clamor das cidades, que poderia ser já de uma situação de desigualdade social, do descuidado com os órfãos e as viúvas, como variadas formas de opressão, num sistema de acúmulo de riquezas e exploração do trabalho dos mais pobres. Porém Deus colocou sua atenção nessas cidades para verificar se o clamor condizia com a prática da justiça, pois ele saberia a verdade, conforme Gênesis 18:20: "Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito".

Temos também que a destruição das cidades aconteceria sem a presença dos justos, pois estes seriam poupados, como vemos em Gênesis 18:25.28 e 19:15.

Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra? Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles. E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza. Se porventura de cinquenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco. (...) E ao amanhecer os anjos apertaram com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na injustiça desta cidade. (Gênesis 18:25-28 e 19:15)

Os profetas nesse paralelo denunciam que as práticas em seus países se assemelhavam às práticas de Sodoma e Gomorra, envolvendo, como já comentado, a injustiça social, como a opressão aos mais pobres. Dessa forma, podemos compreender que a interpretação dos profetas, assim como uma alusão ao contexto dos tempos de Abraão e, a própria descrição nos capítulos 18 e 19 de Gênesis, refere-se aos pecados da avareza, da injustiça, como também tendo a religião como suporte para manutenção do sistema de opressão, como falsos profetas, com falsos ensinamentos, fazendo prevalecer a crença de se praticar a religião apenas através de rituais, como os sacrifícios. Os profetas fazem as denúncias, como a corrupção envolvendo o governo, pessoas da sociedade, como os próprios religiosos e o sistema judiciário, citando como exemplo Sodoma e Gomorra. Enfim, o adultério, que representa o ser humano ter abandonado Deus e sua justiça, para se aliar ao que era perverso e injusto.

Como o pensamento cristão contemporâneo é notório nesse tema “Sodoma e Gomorra”, ao menos no meio cristão, a interpretação dos profetas não é a interpretação natural dos cristãos de hoje em dia, pois o que se fala é que Sodoma e Gomorra praticavam a perversão sexual, orgias etc., sendo que tanto sexo de forma depravada desagradou Deus, o qual colocou um fim nisso, destruindo as duas cidades. Já o pensamento dos profetas no Antigo Testamento interpreta a perversão no sentido da injustiça social.

O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e publicam os seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos. (...) Que tendes vós, que esmagais o meu povo e moeis as faces dos pobres? Diz o Senhor DEUS dos Exércitos. (Isaías 3:9,15).

Em geral, os cristãos não possuem conhecimento da interpretação dos profetas no Antigo Testamento a respeito de Sodoma e Gomorra (capítulos 18 e 19 de Gênesis). Como também não é abordado esse caráter de luta de classes, o qual os profetas enfatizam a respeito das sociedades mesopotâmicas.

Acredito que os abismos entre o período bíblico e nosso tempo são diversos, de forma a termos que buscar uma melhor compreensão bíblica, procurando um pensamento analítico e realizar as conexões entre os diversos textos das Escrituras. Uma conexão mal feita, como o episódio de Sodoma e Gomorra, nos leva a acreditar que foi a perversão sexual que as destruiu e oculta o real problema e o real pecado, que trata-se de uma sociedade desigual, o qual uns se favorecem de privilégios, às custas da opressão ao próximo. Nos dias de hoje, o ensinamento tradicional nos colocaria numa situação que não sendo pervertido sexual, nossa sociedade está salva, fica o “status quo”, “let it be”, “deixa quieto”. A interpretação tradicional cristã nos leva ao engano.

Embora já mencionado anteriormente, as causas da destruição de Sodoma e Gomorra, como a destruição dos países de Israel e Judá, foi a injustiça social, em resumo: Os profetas expõem que a religião praticada apenas por sacrifícios de animais e ofertas não é o que realmente agrada a Deus, mas a santidade e a praticar a justiça, como cuidar dos órfãos, das viúvas, dos desamparados. Alertam para que o grupo de poder mude de atitude, pois exploram o povo. No entanto, o que houve foi uma crescente opressão, um acúmulo de riqueza por parte de alguns privilegiados e, assim, isso era a perversão, ou seja, o afastamento do caminho de solidariedade e justiça que Deus havia proposto, o que levou ao colapso da sociedade israelita e judaíta naquele tempo, assim, como foi também em Sodoma e Gomorra. 

Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra. Ouvi a palavra do Senhor, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. (Isaías 1:9-11)

Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não fez Sodoma, tua irmã, nem ela, nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas. Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado. E se ensoberbeceram, e fizeram abominações diante de mim; portanto, vendo eu isto as tirei dali. (Ezequiel 16:48-50)

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, A. T. Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

MATOS, Givaldo Mauro. ESTUDOS NO AT: Os Profetas. Dourados: UNIGRAN, 2014. 102p.

Bíblia Online. Acesso em [https://www.bibliaonline.com.br]. Disponível em: 27 Jun 2015.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

A conspiração legal dos grupos de poder

O episódio da Vinha de Nabot, na qual encontramos o relato bíblico em 1 Reis 21, é rebatido pelas denúncias do profeta Isaías (Isaías 5:8,9) e do profeta Miqueias, à classe latifundiária opressora de Israel e Judá. Um episódio que retrata uma amostra do que acontecia com a terra dos camponeses pobres e, a conspiração para oprimi-los.

O episódio da Vinha de Nabot, em 1 Reis 21, retrata um exemplo de muitas injustiças sociais acontecidas nos reinos de Israel e Judá e, não muito diferente das injustiças em outras épocas da história humana. Vemos um caso de um governante sedento em possuir mais, à custa do trabalho do povo, neste episódio, à custa de um produtor de uvas, dono de uma vinha.

Esta ambição do governante estava em desacordo com a Aliança no Sinai, na qual tem como proposta a repartição das terras entre as famílias, de forma que houvesse a igualdade entre as pessoas, através também de uma ajuda mútua e um trabalho comunitário. Assim, conforme descrito 1 Reis 21:11-13, o governo, juntamente com as pessoas mais influentes, a elite social, em acordo com a religião, ao menos à interpretação tendenciosa da mesma, busca condenar o dono da vinha de forma caluniosa, observando o cuidado desse grupo de poder em se ter duas testemunhas, pois para se ter a sentença de morte era necessário duas ou mais, conforme Deuteronômio 17:6.

Vemos assim um esquema de governo, elite social e religião, trabalhando juntos para ter cada vez mais posses e oprimir cada vez mais o povo. Neste caso, Nabot foi “assassinado”, porém de forma legal, através da conspiração entre o governo, elite e religião. Também, se referindo à opressão generalizada, havia a cobrança excessiva de juros ao produtor, tendo como consequência a perda de sua terra para os credores, ou mesmo que esses produtores, em crise, possivelmente por perdas no plantio, vendiam suas terras para pagar as dívidas, resultando numa só consequência: a formação de grupos de trabalhadores oprimidos e “sem terra” e, os latifundiários. Tal grupo conspiratório tinha o trabalho de se unir para praticar a injustiça e, nesse caso, tratava-se da formação dos latifúndios, justamente o que não deveria acontecer, tendo em vista o projeto de Deus de justiça social e distribuição agrária estabelecida na Aliança do Sinai.

Dessa forma, Isaías denuncia esse tipo de exploração do povo, que cada vez mais se tornava mais pobre à custa de um sistema de opressão, como a formação de latifúndios. Não apenas isso, mas Isaías faz um prenúncio do exílio ao se referir às casas vazias, como vemos em Isaías 5:8,9.

Miqueias também denuncia que aqueles que deveriam proteger o povo, acabavam por serem os próprios agentes da opressão, especialmente os profetas (falsos), que induzem o povo ao erro, escondendo dele a verdade a respeito do projeto de Deus, garantindo assim a continuidade do sistema que favorece o grupo de poder, como percebemos em Miqueias 3:5. Além, Miqueias fala do engano que é acreditar que Deus protegerá o país incondicionalmente, apesar das injustiças praticadas e que nenhum mal ocorrerá, pois também, como Isaías e outros profetas prenunciam o fim do país, o exílio e a destruição, como se vê em Miqueias 3:11,12.

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1 Reis 21

E sucedeu depois destas coisas que, Nabote, o jizreelita, tinha uma vinha em Jizreel junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria.
Então Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha ao lado da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor: ou, se for do teu agrado, dar-te-ei o seu valor em dinheiro.
Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais.
Então Acabe veio desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão.
Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão?
E ele lhe disse: Porque falei a Nabote, o jizreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei outra vinha em seu lugar. Porém ele disse: Não te darei a minha vinha.
Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizreelita.
Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Nabote.
E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo.
E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra.
E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes mandara.
Apregoaram um jejum, e puseram a Nabote diante do povo.
Então vieram dois homens, filhos de Belial, e puseram-se defronte dele; e os homens, filhos de Belial, testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade, e o apedrejaram, e morreu.
Então mandaram dizer a Jezabel: Nabote foi apedrejado, e morreu.
E sucedeu que, ouvindo Jezabel que já fora apedrejado Nabote, e morrera, disse a Acabe: Levanta-te, e possui a vinha de Nabote, o jizreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não vive, mas é morto.
E sucedeu que, ouvindo Acabe, que Nabote já era morto, levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o jizreelita, para tomar posse dela.
Então veio a palavra do Senhor a Elias, o tisbita, dizendo:
Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em Samaria; eis que está na vinha de Nabote, aonde tem descido para possuí-la.
E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o Senhor: Porventura não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o Senhor: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote lamberão também o teu próprio sangue.
E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu? E ele disse: Achei-te; porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau aos olhos do Senhor.
Eis que trarei mal sobre ti, e arrancarei a tua posteridade, e arrancarei de Acabe a todo o homem, tanto o escravo como o livre em Israel;
E farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías; por causa da provocação, com que me provocaste e fizeste pecar a Israel.
E também acerca de Jezabel falou o Senhor, dizendo: Os cães comerão a Jezabel junto ao antemuro de Jizreel.
Aquele que morrer dos de Acabe, na cidade, os cães o comerão; e o que morrer no campo as aves do céu o comerão.
Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do Senhor; porque Jezabel, sua mulher, o incitava.
E fez grandes abominações, seguindo os ídolos, conforme a tudo o que fizeram os amorreus, os quais o Senhor lançou fora da sua possessão, de diante dos filhos de Israel.
Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, e cobriu a sua carne de saco, e jejuou; e jazia em saco, e andava mansamente.
Então veio a palavra do Senhor a Elias tisbita, dizendo:
Não viste que Acabe se humilha perante mim? Por isso, porquanto se humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho o trarei sobre a sua casa.

Isaías 5:8,9

Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra!
A meus ouvidos disse o Senhor dos Exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até as grandes e excelentes sem moradores.

1 Reis 21:11-13

E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes mandara.
Apregoaram um jejum, e puseram a Nabote diante do povo.
Então vieram dois homens, filhos de Belial, e puseram-se defronte dele; e os homens, filhos de Belial, testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade, e o apedrejaram, e morreu.

Deuteronômio 17:6

Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha não morrerá.

Miqueias 3:5

Assim diz o Senhor acerca dos profetas que fazem errar o meu povo, que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquele que nada lhes dá na boca preparam guerra.

Miqueias 3:11,12

Os seus chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.
Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa como os altos de um bosque.
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REFERÊNCIAS

BÍBLIA, A. T. Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

Bíblia Online. Acesso em: [https://www.bibliaonline.com.br]. Disponível em: 27 Jun 2015.

MATOS, Givaldo Mauro. ESTUDOS NO AT: Os Profetas. Dourados: UNIGRAN, 2014. 102p.