quarta-feira, 30 de março de 2016

"Teologia da Prosperidade" na América Latina e no Brasil

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado



Imagem extraída de hbomax.tv

A "Teologia da Prosperidade" cresceu na América Latina e, claramente, no Brasil, na qual pode-se compreender a razão com diversos apontamentos. Assim, enumeremos alguns:

  • A necessidade de uma libertação do sistema de opressão instalado na América Latina, nos quais os povos se encontram explorados e oprimidos pela forma que o capitalismo se desenvolveu no continente. Assim, uma teologia que dá a esperança de obter a prosperidade financeira, vem a parecer uma solução, ainda que superficial, a situação de pobreza e opressão na  América Latina.
  • A "Teologia da Prosperidade" possui suas raízes através de leigos, que apesar de seus conhecimentos empíricos, ainda não sustentam a composição de uma teologia racional, criando assim um paralelo teológico com base estritamente na fé e, deixando fundamentos primordiais um tanto de lado. Encontra-se na América Latina, especialmente no Brasil, um quadro similar nas igrejas, em geral com seus líderes não possuindo a formação teológica acadêmica, construindo a teologia através de experiências, sem uma fundamentação genuinamente teológica. Esse quadro é favorável à absorção de “teologias empíricas”.
  • Temos na América Latina, especialmente no Brasil, o crescimento do pentecostalismo, que possui uma característica do extra-bíblico, de uma aceitação à autoridade profética, o que coloca as pessoas numa situação favorável a receber uma teologia sem a devida fundamentação bíblica e, mesmo teológica, no caso, a "Teologia da Prosperidade", com seus aspectos metafísicos, tendem a se encaixar no pensamento pentecostal, tanto às pessoas comuns, como aos líderes, recordando a formação em geral dos líderes se distanciar da academia teológica.

Assim, surgem teologias, nem sempre fundamentadas na Bíblia ou na própria Teologia. Em resumo, tais teologias observam a Bíblia, como algo que está numa rua, porém através de diferentes janelas, por sua vez de diferentes casas que estão de frente à mesma rua. Assim, ocorrem nessas teologias caminhos além da Bíblia, algumas vezes até mesmo se dando mais importância a esses caminhos do que a própria Bíblia, na qual ela torna-se mais um instrumento de justificação teológica, do que o fundamento da fé cristã, como sua mensagem que aponta ao Evangelho, a Salvação através de Jesus Cristo.


REFERÊNCIAS

AGUILERA, José Miguel Mendoza. TEOLOGIA LATINO AMERICANA. Dourados: UNIGRAN, 2015. 88p.

BÍBLIA, N. T. Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

terça-feira, 29 de março de 2016

Teologia Bíblica: uma interpretação textual

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado




Imagem extraída de tiaruthinha.blogspot.com.br
Por séculos temos no Cristianismo uma interpretação bíblica dogmática, construída a partir do desenvolvimento teológico. A medida que a igreja cristã se organizava, havia a necessidade de buscar interpretações, de forma a extrair a verdadeira essência dos escritos sagrados. No entanto, a religião foi se constituindo com base também nas tradições e dogmas, na qual os escritos sagrados tornaram-se material de apoio.

Dessa forma, a teologia foi se estruturando através de olhares dogmáticos e, a interpretação bíblica sendo realizada a partir dos dogmas e das tradições. Assim, sempre a interpretação fica atrelada ao olhar de quem interpreta, tendo em vista se utilizar de uma teologia sistemática, por sua vez, de fora do texto.

A Teologia Bíblica, curiosamente uma ideia recente na igreja cristã, é uma busca a se realizar a interpretação a partir do texto bíblico, tentando não se influenciar com fatores externos, mas ainda é um processo que necessita uma evolução dos métodos e sempre terá a influência do intérprete.

Não obstante, a Teologia Bíblica não elimina a exegese, ou seja a compreensão do contexto, pois é preciso saber o que significa o texto e a quem ele foi dirigido, dentro de seu contexto original, como podemos perceber na palavra “pai” e seu significado na cultura oriental quando se referindo a Deus, remetendo a um paralelo a nós, o que entendemos como “mãe”, devido ao afeto e do zêlo no relacionamento com Deus (JEREMIAS apud CRISTOFANI, 2015, p.61). A Teologia Bíblica é um exercício de compreensão do contexto e de extração de uma interpretação textual para a aplicação cotidiana.


REFERÊNCIAS

CRISTOFANI, José Roberto. TEOLOGIA BÍBLICA. Dourados: UNIGRAN, 2015. 72p.

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

quinta-feira, 24 de março de 2016

A Origem e Significado da Páscoa


Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado


Imagem extraída de freedomwaychurch.com
Na antiguidade, um príncipe renegado de um reino próspero mudou o seu destino e o de seu povo. Diante da opressão das classes dominantes, não havia esperança para uma vida fundamentada na liberdade e na justiça. A rotina do trabalho árduo e sem perspectivas de reconhecimento, em nada se assemelhava aos princípios de seus ancestrais.

O príncipe então, retorna do exílio e, inicia uma campanha de mudanças, incitando o povo a rebelar-se ante a opressão, abandonando aquele país em face a fundar o seu próprio, porém, resgatando os princípios de seus ancestrais.

Diante das dificuldades, sendo a de mudar o pensamento daquele que se acostumou a ser o injustiçado, para aquele que é livre e agente da justiça, sendo o percurso no deserto, até um lugar encontrar para o assentamento, o príncipe termina seus dias nessa jornada. Seus sucessores obtém êxito e fundam um novo país, com um código legal fundamentado na valorização ao ser humano e, propiciando uma unidade incomum diante dos seus vizinhos.

"Pessach", em hebraico, traduzido como Páscoa, é a passagem de uma vida oprimida para uma vida de liberdade com base na justiça. A tradição da história desse príncipe é contada pelo povo hebreu, por sua vez, o judeu e, nesse panorama, vem o messias, o salvador, o libertador, personificado em Jesus, o Cristo, pelo qual é portal de saída da opressão para a entrada numa nova vida de liberdade. Jesus, o Cristo, é a personificação da justiça, na qual nesse contexto, ele é a passagem, ele é a Páscoa.


Referências:

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

Bible Hub. Glassport, PA, EUA. [http://biblehub.com/hebrew/pesach_6453.htm] Data de acesso: 19 Mar 2016.

domingo, 13 de março de 2016

Stars Wars, Sith e Jedi, Caim e Abel, Justiça e Injustiça, Jesus.

Imagem: extraído de proibidoler.com
Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante, a Humanidade se divide, na qual um lado explora os benefícios da força, deixando-a fluir através de suas vidas. No entanto, o outro lado é o lado obscuro da mesma força, com sede de poder, canaliza a força para suas vaidades, gerando o ódio, a divisão e, mesmo um sistema de opressão em detrimento de muitos. O lado obscuro prevalece por um tempo, mas está condenado a findar, pois não há equilíbrio na força. No tempo em que prevalece, os Sith, buscam eliminar a única ameaça ao seu sistema, os conhecedores da força, os Jedi. Esses, mesmo que mortos, viverão, pois ainda que todos morram, a força prevalece e surge quem a deixa fluir. Esse caminho do equilíbrio é eterno. 

Há na Bíblia, precisamente no capítulo 4 do livro de Gênesis, uma história a respeito das linhas que a Humanidade seguiu, na qual temos um lavrador e seu irmão pastor de ovelhas, que ao ofertarem do fruto de seus trabalhos, Deus se atenta ao fruto do trabalho do pastor e não se atenta ao do lavrador, sendo que este, irado e de semblante caído, assassina seu irmão. O lavrador então tem sua descendência relatada até algumas gerações, enquanto outro irmão é concebido para tomar o lugar do pastor, na qual sua linhagem se prossegue.

Tendo em vista o contexto na qual os escritores bíblicos viviam e, pela experiência anterior de seu povo, para os leitores contemporâneos (dos escritores), um representava a formação de assentados pelo qual surge um novo código socioeconômico e político, por sua vez, todo um sistema que deveria ser fraterno, mas terminou por ser opressor, formando uma pirâmide, em que algumas classes acima usufruíam de forma injusta do trabalho das classes mais abaixo. Uma representação da injustiça. O outro tinha uma vida nômade, de total dependência da Natureza, indo aonde o vento ou o Espírito o levasse. Sua submissão ao Espírito não abria brecha para a injustiça, sendo então uma representação da justiça.

A linha humana que insiste na injustiça, mesmo acreditando que esse é o caminho para a existência da Humanidade, não prevalece, o que é explícito em muito do texto bíblico, pois é uma linha egoísta e favorável a alguns grupos, com a crença que a felicidade é uma oportunidade para todos, mas somente alguns a conhecerão. A linha da justiça não se sustenta na mortalidade, pois temos a compreensão de Jesus Cristo como a personificação da própria justiça, conforme a percepção dessa mensagem por Paulo em sua carta aos Coríntios: “(...) Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30); e como também se percebe nas palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morto, viverá” (João 11.25). E não se trata da fé, pois extrapolando a mesma, a ideologia da justiça é que mesmo que a linha injusta proporcione a não oportunidade para todos, ela sustenta a ideia de felicidade a todos e, não depende de um indivíduo, pois atravessa o tempo, se perpetuando, não somente a ideia, mas conduzindo a Humanidade à Eternidade.

REFERÊNCIAS:

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

LUCAS, George.  STAR WARS. [Filmes-vídeo]. Estados Unidos, Lucasfilm, 1977.

quarta-feira, 9 de março de 2016

O começo de uma nova etapa


Marcelo Gil da Silva e Prof. Msc. Givaldo Matos

Desde 5 de março de 2016, Bacharel em Teologia pelo Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil. Uma trajetória que teve suas origens nas inspirações que tive, na qual vale mencionar. Embora os abaixo relacionados (ordem alfabética) sejam os destaques, muitos contribuíram para esse caminho.



Daniel De Granville, pela sua dedicação ao trabalho científico, com sua habilidade de socialização da informação;

Delmar Adonis Gil da Silva (pai - in memoriam), pelo seu estilo persistente;

Eva Peralta Gil da Silva (esposa), pela sua amizade e parceria;

Francisco Canindé (Kiko), pelo seu interesse na busca do conhecimento e o respeito à Natureza;

Givaldo Matos, que embora tenha conhecido já na Academia, inspira os acadêmicos aos seus cuidados a irem além do proposto, no intuito de formar novos pensadores;

Marcelo Gil da Silva - UNIGRAN
Hellys Frantz Kosloski, pelo seu respeito à Natureza e seu pulsar pela busca ao conhecimento;

José Sabino, pelo respeito de cada trabalho científico e sua preocupação em popularizar a Ciência;

Jucinete Izabel Silva (mãe), pelo seu carinho e sua fé;

Marco Aurélio Lima Machado, pelo seu interesse na busca do conhecimento e o respeito à Natureza;

Miguel Adonis Peralta Gil da Silva (filho), pela sua necessidade em ter um exemplo dentro de casa, de um aventureiro na busca do conhecimento;

Paulo Boggiani, que além de amigo é admirado por muitos, inspirador seu estilo de fazer ciência;

Roberto Pitorri, por ser um bom amigo, inclinado à Ciência, inventor e inspirador;

Safira Peralta (filha), pela sua necessidade em ter um exemplo dentro de casa, de um aventureiro na busca do conhecimento;

Seu Chico (in memoriam), pelas suas conversas inundadas de sabedoria, de um Físico que trocou a vida acadêmica para viver em meio à Natureza, pela sua visão de mundo abrangente. Lembro-me de cada conversa;

Valdir Felipe Novello, pela sua dedicação acadêmica e o trabalho metódico na pesquisa científica.