quarta-feira, 1 de junho de 2016

Sincretismo Religioso no Brasil

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado


Imagem extraída de mestresdahistoria.blogspot.com.br
O Sincretismo religioso refere-se à fusão de aspectos de diferentes pensamentos religiosos, formando assim, um novo pensamento híbrido, na qual, comumente, possui traços predominantes de um dos pensamentos que se destacam mais do que os demais que compõe a fusão.

Falar de sincretismo religioso no Brasil nos dias de hoje, nos remete ao passado, afim de compreender a origem de nosso entendimento atual, ou seja, retornar ao passado pré-colombiano, num tempo em que essas terras eram denominadas como Pindorama, pelos nativos que cá estavam.

Com a chegada dos europeus, mais precisamente os que exibiam as cruzes nas velas de suas caravelas, no século XVI, representando a força conquistadora cristã, em seus estados católicos, Espanha e Portugal, tais nações possuíam o objetivo de encontrar novas rotas comerciais, como descobrir tesouros na forma de metais preciosos, como o ouro e a prata e, partem da Europa com o aval do Papa e, trazem consigo à América os Jesuítas, com o objetivo de levar o cristianismo, especificamente a visão da Igreja Católica Apostólica Romana, frente à Protestante.

No Brasil, os padres católicos encontraram nativos com suas diferentes visões de mundo e, mais além, já mestiços, pois os primeiros colonizadores já estavam se miscigenando com os indígenas. Nesse cenário, a mescla cultural e, inclui o aspecto religioso, vai se mesclando, ou seja, o sincretismo através da miscigenação. Essa mescla de visões de mundo, a europeia cristã-católica, com as religiões nativas, gera um novo sistema de crenças.

Posteriormente a inserção de novos povos oriundos da África, trazendo também seus sistemas de crenças, forma-se novamente o sincretismo, mas vale ressaltar que a força do catolicismo propiciou um sincretismo, na qual o sistema de crenças cristão-católico tornou-se o principal, na qual as demais crenças, seja nativa do continente, pelos ditos indígenas, seja pelos africanos, os escravos, compondo assim, uma fusão de três sistemas de crenças, com o predomínio de uma delas, no caso, a cristã-católica.

Ocorreu assim a alteridade, na qual surge uma comparação entre as crenças, de forma a justificar a fé cristã-católica nos elementos das religiões nativas americanas e africanas, no intuito de encontrar uma nomeação natural aos fiéis de tais crenças, afim de assimilar a “fé oficial” das coroas Espanhola e Portuguesa. Apenas fazendo-se parênteses, que ao tratar das duas coroas, temos no Brasil de hoje a influência das duas, devido a uma parte do atual território brasileiro ter pertencido a Espanha antes do Tratado de Madrid (1750) e, justamente ter sido uma área de grande influência religiosa jesuíta, como grande parte da região Sul e, uma parte de onde é hoje o Mato Grosso do Sul, embora pouca presença jesuítica nesse último estado.

Não obstante, o sincretismo não se deu apenas na mescla de culturas e, como abordado, culturas religiosas, mas a miscigenação entre os povos e, tudo contribui para a formação das características que definem o perfil do brasileiro, ao menos o comum estereótipo de um povo alegre, pacífico, miscigenado, tolerante.

É possível também encontrar uma nova forma de sincretismo também no cristianismo pentecostal, na qual se percebe uma série de rituais místicos, que se assemelham às práticas dos sistemas de crenças oriundos da África.

Não podemos separar esses acontecimentos sincréticos da política e do comércio, pois se a política e o comércio serviram à religião, conquistando novos mundos e, possibilidades de novos fiéis, a religião termina por servir a política e o comércio, mantendo o status quo, na qual quem é servo, continue servo, quem é senhor continue senhor, estabelecendo um clima de paz e tolerância, sendo esta através do sincretismo, o que por sua vez, resulta em certa tranquilidade para a exploração dos metais preciosos, o extrativismo e o comércio em si.


REFERÊNCIA

RELIGIÃO E CULTURA NO BRASIL. Dourados: UNIGRAN, 2015. 91p.

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