quarta-feira, 15 de junho de 2016

O capitalismo e as classes sociais através de Karl Marx

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado


The International, pintura de Otto Griebel (1895-1972)
O pensamento de Marx define o trabalho, como o instrumento na qual o ser humano transforma a natureza, pois o próprio ser humano em seu modo de vida necessita transformar o mundo ao seu redor para que seja possível sua existência, compreendendo que é da natureza humana viver pelo seu modo. Assim, como dito anteriormente, as mudanças econômicas e idealistas do século XIX são os ingredientes para o desenvolvimento de um novo olhar da sociedade, como o surgimento de uma nova sociedade, sendo ela fundada no excedente de produção, no trabalho e no consumo.

Karl Marx percebe que a mecanização do trabalho e as linhas de produção industrial produziram uma diversificação do trabalho, o que provocou o surgimento das classes sociais, na qual os indivíduos ocupantes da mesma posição na escala do trabalho são componentes da mesma classe social. Tal percepção divide então a sociedade em classes. Dessa forma, Marx elabora sua visão e busca explicar o mundo recém-formado, o mundo capitalista, fazendo a crítica a essa sociedade, pelo fato de provocar basicamente duas classes, sendo uma a opressora, dona das fábricas e da riqueza acumulada, outra a oprimida, a trabalhadora e causadora da riqueza acumulada da primeira classe.

Tais críticas ao sistema, encontramos em sua obra “O Manifesto Comunista”, com a parceira de Friedrich Engels, como na obra inacabada “O Capital”. Assim, percebemos alguns conceitos definidos por Marx, levando-nos a compreender seu pensamento a respeito de sociedade, como o que o levou a pensar sobre a luta de classes e, embora nesse momento, não relatado de forma explícita, a relação disso tudo com a religião.

Quando Marx fala sobre mercadoria, temos a seguinte definição: “Mercadoria é tudo aquilo que satisfaz as necessidades humanas independentes de quais forem” (MARX apud OLIVEIRA e STEIN, 2014, p. 21). Também podemos perceber sua concepção da transformação da fabricação artesanal para a industrial através da afirmação de Oliveira e Stein: “O quantum do trabalho social envolvido no processo de fabricação industrial é muito maior do que na produção artesanal” (OLIVEIRA e STEIN, 2014, p. 21) C. Aos poucos vamos percebendo que o pensamento de Marx converge para a realidade dessa divisão e tensão de classes, a qual a força de trabalho passa a ser considerada mercadoria. Tal concepção, natural nos dias de hoje, sendo que o trabalhador se resume a uma mercadoria, na qual ele próprio se vende para ser utilizado no sistema social, participante da ilusão de liberdade, em que a definição de preço é uma tensão entre a regulação estatal e os acumuladores de riquezas, sendo em parte, de um antigo sistema de relacionamento de escravidão e servidão desde a antiguidade.

No Manifesto Comunista, a obra de Engel e Marx, já citada anteriormente, expõe-se a possibilidade da classe trabalhadora de revolucionar o sistema, podendo instaurar o modelo comunista de divisão de classes. Assim, vejo semelhanças entre esse pensamento de se libertar da opressão provocada pelo sistema capitalista, por sua vez da tensão de classes sociais, com a Teologia da Libertação, proposta pelo teólogo Leonardo Boff, pois justamente a opressão e necessidade de libertação do povo latino-americano assemelhasse ao que Engels e Marx falavam sobre a tensão de classes sociais, por sua vez, uma dominadora e outra oprimida, gerando um sentimento necessário ao ser humano, de buscar o mundo ideal, sendo ele existente e a ser alcançado, ou mesmo imaginado, porém necessário para que o ser humano reencontre os valores da individualidade e do coletivo. Não os valores atribuídos de uma classe a outra, mas os valores através da ótica do mundo ideal.

Voltando-se para a concepção do mundo ideal, a partir do idealismo hegeliano, o pensamento na qual Marx se utiliza como base, tal mundo é gerado a partir do mundo real, sendo aí um contraponto à religião a partir do transcendental, mas uma religião a partir do mundo real, que concebe um mundo ideal, na qual existe a esperança ao oprimido pelo sistema social no mundo real. Nesse tema, na qual Marx não faz uma alusão direta à religião, mas transparece o pensamento de religião como fruto da necessidade de um mundo ideal, para aqueles que se encontram do lado social que trabalha para sustentar o acúmulo de riquezas da outra classe.


Referências:

BOFF, Leonardo. QUARENTA ANOS DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO. 2011. (Disponível em: [http://leonardoboff.wordpress.com/2011/08/09/quarenta-anos-da-teologia-da-libertacao/]. Acesso em 1 Nov 2014).

MARX, Karl. Trad. Artur Morão. PARA FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL. Covilhã, Portugal: LusoSofia. (Disponível em: [http://www.lusosofia.net/textos/marx_ karl_para_a_critica_da_filosofia_do_direito_de_hegel.pdf]. Acesso em 1 Nov 2014).

MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Ed. Rident Castigat Mores. O MANIFESTO COMUNISTA. (Disponível em: [http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manifestocomunista.pdf]. Acesso em 1 Nov 2014).

STEIN, Nedina Roseli Martins, OLIVEIRA, Lilian Sarat De. SOCIOLOGIA GERAL E DA RELIGIÃO. Dourados: UNIGRAN, 2014. 68p.

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