segunda-feira, 9 de março de 2015

Teologia Espacial

Como em outros tempos, a Humanidade chega à beira da exploração além de suas fronteiras. As montanhas, os desertos e regiões gélidas não se mostraram capazes de deter os limites da existência humana. Nem mesmo os mares foram suas fronteiras. Mas talvez o que de tudo isso se torna mais afrontante às religiões é o ser humano permanecer no território dos deuses, os céus.


Na Bíblia cristã faz referência aos céus sempre como algo restrito a Deus, na qual o ser humano ascende pela graça desse Deus. No entanto, o ser humano chega aos céus, ainda que com dificuldade, pelos seus meios. Dessa forma, pela fé, interpretasse que os céus da Bíblia se referem a outros céus, um céu espiritual.


Imaginemos além da fronteira celeste de como será a religião, se acaso o ser humano descobrir uma forma de viajar grandes distâncias e, por sua vez estabelecer colônias pela Galáxia. Pensemos que as colônias existam no futuro e um humano, cuja família já viva numa determinada colônia há algumas gerações, como este humano interpretaria a Bíblia?


Não bastasse nós, viventes do ano de 2015 da Era Comum (EC), termos já um grande abismo ao período de escrita da Bíblia, tendo também em vista, a própria escrita da mesma, se referir a acontecimentos de outro tempo e, nisso me refiro a diversos abismos, como o temporal, o geográfico, o linguístico, cultural, tecnológico, etc.. Pense no abismo entre este humano da colônia, que nunca conhecera a Terra, lar “natal” de seus ancestrais. Já seria um grande abismo entre nós e ele, imagine entre ele e a Bíblia. Entre nós e ele, já teremos um abismo tecnológico, na qual nossos estilos de vida seriam incompreensíveis, tanto o dele para conosco como o nosso para com ele. Assim, ficaremos com uma grande curiosidade de como nosso semelhante da distante colônia interpretaria os textos bíblicos.


Também a outra questão a considerar, que é o estabelecimento de uma colônia, na qual seria mais provável em algum planeta com características similares as da Terra e, sendo assim, haveria uma possibilidade de se encontrar, não somente a vida, mas alguém semelhante a nós, pois a vida encontra seus caminhos para desenvolver. Nesse caso, encontrando uma  espécie de semelhantes a nós, talvez com algumas diferenças genéticas, a colonização de tal planeta precisaria se proceder através de um plano não violento, pois não faria sentido um extermínio e, consequentemente uma reocupação.


Talvez essa espécie de pseudo humanos esteja em grau de desenvolvimento similar, mais avançados tecnologicamente, ou até mesmo, serem seres que nunca viram uma nave descer dos céus. Pensando no processo de colonização, nossos aventureiros não poderiam descer com a nave no meio de uma aldeia, diante dos nativos. Nessa lógica, é possível a necessidade de alguns ajustes genéticos para que os nativos realmente sejam semelhantes a nós. Se soubermos como fazer tais ajustes, possivelmente já poderíamos ser imortais e, tornar os nativos com uma grande longevidade. No entanto, no intuito de evitar que eles se rebelem na condição de imortais e, assim, termos um problema eterno, tentaríamos ensiná-los até que estivessem prontos para receber a imortalidade.


Continuando o processo entre os nativos, temos que prever a possibilidade deles se rebelarem, levando nossos aventureiros a se retirarem por um tempo, ou mesmo ser esse afastamento parte do plano, para que os nativos modificados caminhem por si mesmos. Assim, um contanto futuro, como já dito antes, não poderia ser numa aldeia ou cidade populosa. Os descendentes dos nativos modificados já não acreditariam nas histórias de um povo que desceu dos céus. No entanto, nossos aventureiros teriam que estudar a língua, os costumes e, até se vestirem iguais. Então, seria melhor fazer uma aparição diante de um fazendeiro em alguma área remota, para assim passar alguns ensinamentos e interferir o necessário para uma evolução dos nativos para os rumos que a nossa civilização deseja.


Se necessário, os aventureiros podem se afastar por muitos anos, deixando que os nativos se proliferem e desenvolvam, para depois retornar e restabelecer o contato, talvez em alguma data que não seria estranho uma nave descer dos céus, ou mesmo quando os nativos já tenham a capacidade de subirem aos céus.


O tempo não seria um problema, pois se conseguirmos sair do sistema solar, significa que teremos descoberto uma maneira de viajar pela Galáxia, que poderá ter sua base na dobra espacial, por sua vez podendo vencer as barreiras do tempo, podendo programar a nave para aparecer no tempo necessário. Pensando assim, não necessariamente seria avançar no tempo para não ter que esperar o avanço dos nativos, mas encontrá-los no passado, de forma a moldá-los para o estabelecimento de nossa nova colônia no futuro. O melhor da história: sem guerra e sem invasão. Um processo complexo de engenharia genética e ensinamentos básicos sobre nossa civilização.

Marcelo Gil da Silva

Um comentário: