terça-feira, 29 de março de 2016

Teologia Bíblica: uma interpretação textual

Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado




Imagem extraída de tiaruthinha.blogspot.com.br
Por séculos temos no Cristianismo uma interpretação bíblica dogmática, construída a partir do desenvolvimento teológico. A medida que a igreja cristã se organizava, havia a necessidade de buscar interpretações, de forma a extrair a verdadeira essência dos escritos sagrados. No entanto, a religião foi se constituindo com base também nas tradições e dogmas, na qual os escritos sagrados tornaram-se material de apoio.

Dessa forma, a teologia foi se estruturando através de olhares dogmáticos e, a interpretação bíblica sendo realizada a partir dos dogmas e das tradições. Assim, sempre a interpretação fica atrelada ao olhar de quem interpreta, tendo em vista se utilizar de uma teologia sistemática, por sua vez, de fora do texto.

A Teologia Bíblica, curiosamente uma ideia recente na igreja cristã, é uma busca a se realizar a interpretação a partir do texto bíblico, tentando não se influenciar com fatores externos, mas ainda é um processo que necessita uma evolução dos métodos e sempre terá a influência do intérprete.

Não obstante, a Teologia Bíblica não elimina a exegese, ou seja a compreensão do contexto, pois é preciso saber o que significa o texto e a quem ele foi dirigido, dentro de seu contexto original, como podemos perceber na palavra “pai” e seu significado na cultura oriental quando se referindo a Deus, remetendo a um paralelo a nós, o que entendemos como “mãe”, devido ao afeto e do zêlo no relacionamento com Deus (JEREMIAS apud CRISTOFANI, 2015, p.61). A Teologia Bíblica é um exercício de compreensão do contexto e de extração de uma interpretação textual para a aplicação cotidiana.


REFERÊNCIAS

CRISTOFANI, José Roberto. TEOLOGIA BÍBLICA. Dourados: UNIGRAN, 2015. 72p.

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

quinta-feira, 24 de março de 2016

A Origem e Significado da Páscoa


Marcelo Gil da Silva
Teólogo

Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Graduado


Imagem extraída de freedomwaychurch.com
Na antiguidade, um príncipe renegado de um reino próspero mudou o seu destino e o de seu povo. Diante da opressão das classes dominantes, não havia esperança para uma vida fundamentada na liberdade e na justiça. A rotina do trabalho árduo e sem perspectivas de reconhecimento, em nada se assemelhava aos princípios de seus ancestrais.

O príncipe então, retorna do exílio e, inicia uma campanha de mudanças, incitando o povo a rebelar-se ante a opressão, abandonando aquele país em face a fundar o seu próprio, porém, resgatando os princípios de seus ancestrais.

Diante das dificuldades, sendo a de mudar o pensamento daquele que se acostumou a ser o injustiçado, para aquele que é livre e agente da justiça, sendo o percurso no deserto, até um lugar encontrar para o assentamento, o príncipe termina seus dias nessa jornada. Seus sucessores obtém êxito e fundam um novo país, com um código legal fundamentado na valorização ao ser humano e, propiciando uma unidade incomum diante dos seus vizinhos.

"Pessach", em hebraico, traduzido como Páscoa, é a passagem de uma vida oprimida para uma vida de liberdade com base na justiça. A tradição da história desse príncipe é contada pelo povo hebreu, por sua vez, o judeu e, nesse panorama, vem o messias, o salvador, o libertador, personificado em Jesus, o Cristo, pelo qual é portal de saída da opressão para a entrada numa nova vida de liberdade. Jesus, o Cristo, é a personificação da justiça, na qual nesse contexto, ele é a passagem, ele é a Páscoa.


Referências:

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

Bible Hub. Glassport, PA, EUA. [http://biblehub.com/hebrew/pesach_6453.htm] Data de acesso: 19 Mar 2016.

domingo, 13 de março de 2016

Stars Wars, Sith e Jedi, Caim e Abel, Justiça e Injustiça, Jesus.

Imagem: extraído de proibidoler.com
Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante, a Humanidade se divide, na qual um lado explora os benefícios da força, deixando-a fluir através de suas vidas. No entanto, o outro lado é o lado obscuro da mesma força, com sede de poder, canaliza a força para suas vaidades, gerando o ódio, a divisão e, mesmo um sistema de opressão em detrimento de muitos. O lado obscuro prevalece por um tempo, mas está condenado a findar, pois não há equilíbrio na força. No tempo em que prevalece, os Sith, buscam eliminar a única ameaça ao seu sistema, os conhecedores da força, os Jedi. Esses, mesmo que mortos, viverão, pois ainda que todos morram, a força prevalece e surge quem a deixa fluir. Esse caminho do equilíbrio é eterno. 

Há na Bíblia, precisamente no capítulo 4 do livro de Gênesis, uma história a respeito das linhas que a Humanidade seguiu, na qual temos um lavrador e seu irmão pastor de ovelhas, que ao ofertarem do fruto de seus trabalhos, Deus se atenta ao fruto do trabalho do pastor e não se atenta ao do lavrador, sendo que este, irado e de semblante caído, assassina seu irmão. O lavrador então tem sua descendência relatada até algumas gerações, enquanto outro irmão é concebido para tomar o lugar do pastor, na qual sua linhagem se prossegue.

Tendo em vista o contexto na qual os escritores bíblicos viviam e, pela experiência anterior de seu povo, para os leitores contemporâneos (dos escritores), um representava a formação de assentados pelo qual surge um novo código socioeconômico e político, por sua vez, todo um sistema que deveria ser fraterno, mas terminou por ser opressor, formando uma pirâmide, em que algumas classes acima usufruíam de forma injusta do trabalho das classes mais abaixo. Uma representação da injustiça. O outro tinha uma vida nômade, de total dependência da Natureza, indo aonde o vento ou o Espírito o levasse. Sua submissão ao Espírito não abria brecha para a injustiça, sendo então uma representação da justiça.

A linha humana que insiste na injustiça, mesmo acreditando que esse é o caminho para a existência da Humanidade, não prevalece, o que é explícito em muito do texto bíblico, pois é uma linha egoísta e favorável a alguns grupos, com a crença que a felicidade é uma oportunidade para todos, mas somente alguns a conhecerão. A linha da justiça não se sustenta na mortalidade, pois temos a compreensão de Jesus Cristo como a personificação da própria justiça, conforme a percepção dessa mensagem por Paulo em sua carta aos Coríntios: “(...) Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30); e como também se percebe nas palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morto, viverá” (João 11.25). E não se trata da fé, pois extrapolando a mesma, a ideologia da justiça é que mesmo que a linha injusta proporcione a não oportunidade para todos, ela sustenta a ideia de felicidade a todos e, não depende de um indivíduo, pois atravessa o tempo, se perpetuando, não somente a ideia, mas conduzindo a Humanidade à Eternidade.

REFERÊNCIAS:

BÍBLIA, Português. BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida. Ver. Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

LUCAS, George.  STAR WARS. [Filmes-vídeo]. Estados Unidos, Lucasfilm, 1977.

quarta-feira, 9 de março de 2016

O começo de uma nova etapa


Marcelo Gil da Silva e Prof. Msc. Givaldo Matos

Desde 5 de março de 2016, Bacharel em Teologia pelo Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil. Uma trajetória que teve suas origens nas inspirações que tive, na qual vale mencionar. Embora os abaixo relacionados (ordem alfabética) sejam os destaques, muitos contribuíram para esse caminho.



Daniel De Granville, pela sua dedicação ao trabalho científico, com sua habilidade de socialização da informação;

Delmar Adonis Gil da Silva (pai - in memoriam), pelo seu estilo persistente;

Eva Peralta Gil da Silva (esposa), pela sua amizade e parceria;

Francisco Canindé (Kiko), pelo seu interesse na busca do conhecimento e o respeito à Natureza;

Givaldo Matos, que embora tenha conhecido já na Academia, inspira os acadêmicos aos seus cuidados a irem além do proposto, no intuito de formar novos pensadores;

Marcelo Gil da Silva - UNIGRAN
Hellys Frantz Kosloski, pelo seu respeito à Natureza e seu pulsar pela busca ao conhecimento;

José Sabino, pelo respeito de cada trabalho científico e sua preocupação em popularizar a Ciência;

Jucinete Izabel Silva (mãe), pelo seu carinho e sua fé;

Marco Aurélio Lima Machado, pelo seu interesse na busca do conhecimento e o respeito à Natureza;

Miguel Adonis Peralta Gil da Silva (filho), pela sua necessidade em ter um exemplo dentro de casa, de um aventureiro na busca do conhecimento;

Paulo Boggiani, que além de amigo é admirado por muitos, inspirador seu estilo de fazer ciência;

Roberto Pitorri, por ser um bom amigo, inclinado à Ciência, inventor e inspirador;

Safira Peralta (filha), pela sua necessidade em ter um exemplo dentro de casa, de um aventureiro na busca do conhecimento;

Seu Chico (in memoriam), pelas suas conversas inundadas de sabedoria, de um Físico que trocou a vida acadêmica para viver em meio à Natureza, pela sua visão de mundo abrangente. Lembro-me de cada conversa;

Valdir Felipe Novello, pela sua dedicação acadêmica e o trabalho metódico na pesquisa científica.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Religião na Antiguidade

Achei muito interessante estudar sobre a Antiguidade e, percebi em Fustel de Coulanges (A Cidade Antiga), que a religião foi fundamental para formação social e que os antigos consideravam os assuntos religiosos de forma mais racional do que se percebe atualmente, até porque a divindade vinha dos ancestrais.

Vê-se também que os reis, comumente das cidades (Cidade-Estado), exerciam mais uma organização religiosa e social do que política e econômica, com seus poderes limitados às decisões dos "patrícios".

Aproveitando-se de uma máquina estatal moldada e a instituição de um sistema de castas, ocorreu uma espécie de "golpe", na qual o rei centraliza os poderes, com o selo da religião, como forma de legitimar seu governo e assim, influencia os sistema políticos mundiais até nosso tempo.

Atualmente, a religião é entendida de uma forma mais irracional, através das emoções e, poderia dizer também espiritual. Enquanto os antigos a tinham como ciência. Os poderes políticos, atualmente, se despem da roupagem religiosa e vão sendo entendida de emanarem do povo, talvez mais percebida por um povo do que outro.

Enfim, na atualidade é válido o entendimento histórico de como chegamos aqui, para a construção de uma nova teologia, afim de resgatar a racionalidade e a autêntica espiritualidade, conectando a Humanidade ao Cosmos, a Deus. Obviamente compreendendo quem é esse Deus, de quem tanto falam, porém pouco se expõe de quem verdadeiramente ele é.

Marcelo Gil da Silva


Referência:

COULANGES, Fustel de. A CIDADE ANTIGA. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2007. 421p.

sábado, 22 de agosto de 2015

O verdadeiro Deus

Saiba quem é o verdadeiro Deus. Ainda que minhas palavras se esfarelem, que meu nome desapareça, que nossa civilização seja esquecida no espaço e no tempo, ele permanecerá.

Ele não se esconde num mundo invisível, pois nós é que não conseguimos ver. Suas palavras não são codificadas, pois nós é que não escutamos. Suas ações não são misteriosas, nós é que não entendemos.

A busca do transcendental pelos padrões humanos frusta religiosos e céticos. Os primeiros por suas crenças e, os segundos por não conceberem o transcendental.

Deus habita o transcendental de tal forma que a religião se conecta a ele de uma forma transcendental. Já a ciência não encontra Deus, pois aos padrões humanos, não se pode compreender o que não se pode observar, ou seja, o transcendental. Até o momento que o transcendental for realidade para nós.

Marcelo Gil da Silva

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Manifestemos

Manifestemos, em nosso desejo de consertar as coisas, mas manifestemos nós, os honestos, mas não somente os honestos, porém encontremos as características de quem realmente seja isento. Assim, procuremos dentre nós:


  • Os altruístas, não teóricos, mas do tipo dos que tirariam seu casaco para dar a quem sente frio;
  • Aqueles que muito tem, mas não se importam em doar ao que não tem, ou mesmo os que poderiam ter uma vida mais confortável, mas utilizam de seus recursos para ajudar aqueles que necessitam de ajuda;
  • Os respeitadores, não importando a situação, que mesmo ao estacionar um carro, estacionam em local distante ou dão várias voltas até encontrar uma vaga, para não ocupar, mesmo que por instantes, uma vaga reservada;
  • Os que ao encontrarem algo que não lhe pertencem, se preocupem em encontrar o dono, mesmo que seja dinheiro e, mesmo que seja muito e, mesmo estando com dívidas, procurar o verdadeiro dono sem esperar reconhecimento;
  • Os que pouco tem, mas dividem esse pouco com o que nada tem;
  • Aqueles que nada tem, mas se um dia algo tiverem, dividiriam com um estranho, no simples intuito de acreditar na bondade;
  • Os que não fazem uma caminhada ou palavras de ordem "compradas", mas originalmente possuem ideias para melhorar a vida de todos, especialmente dos mais pobres;
  • Os que não esperam soluções fáceis, mas colocam o bem de muitos acima do bem pessoal;
  • Aqueles que não se venderiam por benefícios ou qualquer soma em dinheiro, ou seja, aqueles que não podem ser corrompidos, não importando o valor, pois não se dobrariam a nenhum interesse mesquinho.
Reunindo todos estes, então manifestemos a nossa vontade legítima de mudar o mundo para o nosso. Manifestemos.

Marcelo Gil da Silva